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sexta-feira, 29 de março de 2013

Caso Engenhão: Interdição do Engenhão: lei protege cofres da prefeitura


Custo pelo reparo da cobertura não deve recair sobre o poder público

Por Amélia Sabino e Leo Burlá

A cobertura do Engenhão custou à Prefeitura do Rio R$ 80,5 milhões em 2007. Seis anos e uma interdição depois, não se sabe ainda quanto e quem vai pagar pelo erro durante a montagem. Porém, pela lei federal que rege as licitações, a conta não pode mais uma vez cair no colo do contribuinte.

Na terça-feira, o prefeito Eduardo Paes explicou que há um contrato emergencial firmado durante a gestão Cesar Maia que isenta as construtoras OAS e Odebrecht de pagar por erros do projeto da cobertura. Porém, a Lei n 8666/93  anula qualquer cláusula contratual entre poder público e empresa privada que retire dela a responsabilidade por má execução ou erro de projeto, mesmo que este não tenha sido elaborado por quem fez a obra.

– Nenhum contrato de emergência pode eximir de responsabilidade aquele que executou a obra. O que não pode recair é no poder público e no contribuinte, que já está privado do estádio e ainda tem que pagar a conta? – disse Bruno Navega, presidente da Comissão de Direitos Administrativos da OAB-RJ.

O projeto da cobertura foi feito pela empresa do engenheiro Flávio D'Alambert, dono da Projeto Alpha. Já a execução foi do Consórcio Engenhão (OAS/Odebrecht). Na quarta, o engenheiro do Consórcio, Marcos Vidigal, explicou que o risco de queda da cobertura foi causado pelo deslocamento 50% maior na retirada das escoras da estrutura dos arcos.

Na época, a construtora Delta alegou que não teria capacidade de concluir a montagem  no prazo. Em janeiro de 2007, OAS e Odebrecht exigiram cláusula de não responsabilização por eventuais erros no projeto para assumir a empreitada, o que foi aceito pela prefeitura, então comandada por Cesar Maia.

Apesar das evasivas de parte a parte, a conta tem dono, sim.

Com a palavra

Inaldo Soares
Consultor e auditor especialista em licitação e contrato

Quando a vencedora da licitação é afastada por descumprimento contratual ou renuncia ao contrato, a situação está regulada no artigo 24 Inciso XI da Lei 8.666/93. As empresas de consórcio que venham a substituir a empresa vencedora afastada vão 
ser contratadas pela administração pública nos mesmos moldes e regras contidas no edital de licitação da vencedora. As condições do contrato emergencial são idênticas às regras do contrato anterior da empresa afastada. 

Isto quer dizer que todas as responsabilidades apontadas no contrato assinado anteriormente, além das responsabilidades da execução da obra (no que lhe caiba) e outras responsabilidades civis em decorrência da obra contratada, são da empresa 
contratada posteriormente.

Ao meu ver, as responsabilidades civis e penal independem do contido no artigo 618 do Código Civil (que expira após cinco anos de entrega da obra). Estas responsabilidades devem ser levantadas e cobradas, principalmente na ocorrência de má-fé, se for identificada.

O que dizem os envolvidos

Lei de Licitações

A Lei Federal nº 8666/93, que trata das licitações, protege a Prefeitura do Rio no caso ocorrido no Engenhão. A lei diz que “o contratado é obrigado a reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total ou em parte, o objeto do contrato em que se verificarem vícios, defeitos ou incorreções resultantes da execução ou de materiais empregados”.

O contratado também “é responsável pelos danos causados diretamente à administração ou a terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do contrato, não excluindo ou reduzindo essa responsabilidade a fiscalização ou o acompanhamento pelo órgão interessado”. 


Cesar Maia

A respeito do artigo existente no contrato de emergência celebrado entre Prefeitura do Rio e Consórcio Engenhão, Cesar Maia, prefeito da cidade à época, disse que o dispositivo é inócuo, segundo palavras dele.

Por e-mail, Maia disse que, por lei, o executor da obra é responsável pelo que ocorreu na cobertura do Estádio Olímpico João Havelange. “Como o projeto não está em questão, mas sim o trabalho do calculista que eles mesmos contrataram, é essa a 
questão a ser vista. Essa é uma cláusula comum para dizerem que executaram o projeto que lhes foi apresentado na licitação”, escreveu.



Eduardo Paes

Responsável pela interdição imediata do Engenhão, o prefeito procurou não achar culpados pela falha estrutural em um primeiro momento. Ontem, a assessoria de imprensa de Paes  ressaltou que a Prefeitura vai arcar com o valor necessário para o reparo até que haja entendimento interno de que o contrato possa ser contestado judicialmente.

Em entrevista coletiva, o prefeito cutucou o rival político (Cesar Maia), ao dizer que  o contrato de emergência foi firmado pelo antecessor no cargo.

– Vou dar uma solução definitiva, não vou puxar cabinho, colocar pauzinho e corda – alfinetou Paes.  


Botafogo

Pelo contrato de concessão pública celebrado entre Botafogo e a Prefeitura do Rio de Janeiro, o Glorioso é responsável por todas as despesas necessárias à manutenção, conservação e funcionamento do Estádio Olímpico João Havelange, bem como seus equipamentos. 

No caso do risco de desmoronamento da cobertura, o clube não tem como ser responsabilizado, já que não participou da elaboração e execução do projeto do estádio.

Em entrevista realizada ontem, o presidente Mauricio Assumpção garantiu que o clube não vai romper o contrato de 20 anos de vigência.

Consórcio Engenhão (Construtoras OAS e Odebrecht)

A assessoria de imprensa do consórcio disse que as empreiteiras não vão se manifestar sobre os custos da reforma da cobertura. Em entrevista coletiva realizada na última quarta-feira, Marcos Vidigal, representante do consórcio, admitiu 
que houve erros nos cálculos dos arcos de sustentação da cobertura dos setores Leste e Oeste, o que poderia ocasionar a queda em caso de ventos superiores a 63km/h.

– Não há como precisar o tempo que o estádio ficará fechado, temos de investigar as causas – disse Vidigal.

Leia mais no LANCENET! http://www.lancenet.com.br/botafogo/Interdicao-Engenhao-protege-cofres-prefeitura_0_890911107.html#ixzz2OvtxTNKt 

Caso Engenhão: ENGENHÃO! O PRINCIPAL ESTÁDIO DOS JJOO-2016: ATLETISMO!


Por Cesar Maia
        
(Extra, 27) 1. Após interdição do Engenhão, Cesar Maia ironiza Eduardo Paes e empresas responsáveis pela cobertura do estádio. Cesar Maia era o prefeito do Rio durante a construção do Engenhão, finalizada em 2007. O ex-prefeito e atual vereador Cesar Maia (DEM), que estava à frente do município durante a construção do Engenhão, finalizada em 2007, ironizou o atual prefeito Eduardo Paes e as empresas Odebrecht e OAS, responsáveis pela construção e manutenção do estádio. O principal palco do futebol carioca foi interditado nesta terça-feira por Paes, por causa de problemas na cobertura, detectados em laudo feito pelas duas construtoras.
    
2. Cesar Maia preferiu não opinar diretamente sobre o caso, mas não deixou de se manifestar com ironia a respeito do problema e da relação da prefeitura com as empresas. - Apenas é importante sublinhar que a Odebrecht, que é responsável pela cobertura do Engenhão, é também pela demolição da Perimetral, pela construção do Maracanã, pela construção do túnel na área portuária, além dos novos equipamentos no Parque Olímpico. E que a OAS – que fez a cobertura do Engenhão em parceria com a Odebrecht - é responsável pela linha do metrô Barra-Zona Sul em construção. Ambas poderão dar todos os esclarecimentos - afirmou.
    
3. Cesar Maia lembrou ainda o fato de Eduardo Paes ter concedido entrevista em 2010 negando que o Engenhão tivesse qualquer problema estrutural. O vereador era o prefeito na época em que a licitação para a obra de construção do estádio foi vencida pelo consórcio formado pela Odebrecht e a OAS. No período, o então chefe do município foi alvo de críticas pelo aumento no preço do Engenhão. Eduardo Paes, na entrevista concedida nesta terça-feira, afirmou que ainda não há um prazo estipulado para que o Engenhão seja reaberto ao público e nem um plano de recuperação da estrutura da cobertura do estádio.

Caso Engenhão: Prefeitura de Volta Redonda garante jogos no Raulino de Oliveira


Laudo que apontava risco era preliminar e depois foi feito outro mostrando que estádio pode receber torcedores
Bombeiros liberaram utilização do espaço para jogos de futebol
Há necessidade de reparos, mas nada que acarrete risco, diz engenheiro

Por Dicler Mello e Souza

VOLTA REDONDA - O Estádio da Cidadania está apto a receber jogos com sua capacidade total (20.255 espectadores) e liberado para os clássicos e as finais do Campeonato Carioca, garante a Prefeitura de Volta Redonda. Inicialmente, um laudo preliminar, preparado por um engenheiro da Secretaria municipal de Planejamento, em 14 de janeiro, tinha apontado necessidade de interdição de parte da arquibancada, por problemas de estrutura e riscos para os frequentadores. Mas um outro relatório técnico, encomendado a uma empresa especializada e preparado seis dias depois, apontou necessidade apenas de pequenos reparos e descartou ameaças à segurança dos torcedores. As autoridades municipais se baseiam ainda numa vistoria do Corpo de Bombeiros, feita em 26 de fevereiro, que libera o estádio, também conhecido como Raulino de Oliveira, para grandes eventos.
- Quando saiu o laudo da Secretaria de Planejamento, chamamos a IHB Engenharia, que projetou o estádio e acompanhou as reformas, para reafirmar as posições dos nossos funcionários. O laudo foi totalmente diferente. A terceira opinião veio dos bombeiros, que também liberaram o estádio. Podemos garantir que não há risco para o torcedor. Não seríamos imprudentes - afirmou o administrador do estádio, que pertence à Prefeitura, Carlos Roberto Parente.
A liberação do estádio foi atestada por laudo assinado pelo engenheiro Ildony H. Bellei, da IHB Engenharia e Consultoria, no dia 20 de janeiro. "Após a análise dos desenhos de projeto e vistoria no local, concluímos que as estruturas, passados aproximadamente nove anos, estão em bom estado de conservação, necessitando de repintura da parte superior das coberturas por questões estéticas e pequenos reparos, não oferecendo qualquer risco aos espectadores", informa o laudo.
Depois da interdição do Engenhão, por problemas estruturais, foi com base no laudo da IHB e na vistoria dos Bombeiros que a Prefeitura de Volta Redonda acertou com a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) a utilização do Raulino de Oliveira para os principais jogos do Estadual.
O primeiro laudo, de 14 de janeiro, tinha sido encomendado pelo prefeito Antônio Francisco Neto (PMDB) após visita de delegados da Fifa. A cidade estava no mapa de possíveis sedes para seleções que vão disputar a Copa do Mundo do Brasil, no ano que vem.
- Como o estádio está na lista para receber delegações na fase de preparação da Copa do Mundo e das Olimpíadas, isso se fez necessário. O próprio prefeito determinou estas ações e, se necessário, reparos - contou o administrador do estádio.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/carioca-2013/prefeitura-de-volta-redonda-garante-jogos-no-raulino-de-oliveira-7971096#ixzz2OvnBdt8C 

Caso Engenhão: Projetista da cobertura do Engenhão diz: 'A pressa é inimiga da perfeição'


Responsável pela cobertura que causou a interdição do estádio, Flavio D'Alambert diz que local é seguro para eventos: 'Eu levaria minha família'

Por Raphael Zarko

O engenheiro Flavio D'Alambert, da empresa Projeto Alpha, é o responsável pela cobertura polêmica que apresentou problemas e provocou a interdição do Engenhão. Chamado para uma reunião na tarde desta quarta-feira na prefeitura do Rio, ele saiu do encontro, com representantes da RioUrbe e do consórcio responsável pela construção do estádio, com a mesma certeza que entrou: o Engenhão é um local seguro para jogos esportivos.

O GLOBOESPORTE.COM encontrou o engenheiro, que também é responsável pelos estádios de Cuiabá e Fortaleza da Copa do Mundo de 2014, antes de ele embarcar de volta para São Paulo. Ele não despreza nem duvida do novo estudo realizado pela empresa alemã Schlaich Bergerman und Partner (SBP), que, aliás, também é responsável pela cobertura do Maracanã. Mas confia plenamente na obra entregue para o Pan- Americano de 2007. No entanto, faz uma ressalva a respeito do tempo de execução do projeto que desenvolveu, até então de tecnologia inédita no Brasil.

- A pressa é inimiga da perfeição. Apesar de terem sido tomados todos os cuidados necessários, o ideal era que houvesse um prazo maior para a construção do estádio. O consórcio, quando houve a troca (da Delta para a dupla OAS/Odebrecht), só tinha mais quatro ou cinco meses para entregar - comenta D'Alambert.



GLOBOESPORTE.COM: Por que houve essa diferença de cálculo entre o que vocês, da Alpha, fizeram e o que foi detectado agora?
Flavio D'Alambert: Nós montamos um modelo teórico. Na prática, fazemos um monitoramento para ver se chega próximo ao estudo do teórico. No caso do Engenhão, a prática ultrapassou de 20% a 30% ao teórico. Mais do que eu e o auditor (a empresa portuguesa Tal, contratada para auditar toda a obra) tínhamos previsto. Os alemães falaram em diferença de 50%, ou seja, 20% ou 30% a mais, porém preciso checar esses cálculos deles. É bom frisar que respeito muito a empresa alemã, porém confio muito no cálculo que fizemos e também nos canadenses (empresa RWDI), que são um dos maiores especialistas no assunto em todo o mundo também. Se houvesse qualquer dúvida da minha parte sobre segurança do equipamento, eu jamais teria liberado a obra.

Houve pressa para entregar a obra em tempo do início dos Jogos Pan-Americanos de 2007?
(Demora para responder) A pressa é inimiga da perfeição. Apesar de terem sido tomados todos os cuidados necessários, o ideal era que houvesse um prazo maior para a construção do estádio. O consórcio, quando houve a troca (da Delta para a dupla OAS/Odebrecht), só tinha mais quatro ou cinco meses para entregar.

Vocês observaram algum problema estrutural?
Não, isso não quer dizer que há problema estrutural. O que detecta isso (um problema de estrutura) são vibrações excessivas, deformações que não param. Ou seja, você mede hoje, bate um vento, se aquele ponto estudado está mais baixo, quer dizer que se movimentou. Mas os desníveis observados desde o início (de 20% a 30%) sempre foram estáveis. Isso sempre nos deixou bem tranquilos.

Na prática, qual é a diferença entre o modelo real e o que vocês esperavam?
Algo em torno de 15 a 20 centímetros. No meu cálculo, teria que deformar 70cm, no máximo. Na observação real, chegou a 88cm. Deu uns 18cm de diferença. Mas foi o que disse. A última medição foi feita em janeiro. E sempre permaneceu estável (a estrutura medida, no topo da cobertura). Se alguém mede hoje, depois faz outra medição amanhã, a estrutura pode ir um pouco para cima ou para baixo. O importante é que estabilize de novo. Isso sempre ocorreu.

O material utilizado no Engenhão foi o mais adequado?
Sim, foram os mais adequados possíveis. Foram materiais da Gerdau e da Cosip (Usiminas). Todos materiais brasileiros. Acompanhei a construção, toda semana eu vinha para o Rio. Quando terminou a obra, saí de cena e deixei um documento em que registrei isso tudo.
Foi feito algum reparo naquele momento?

Não, nada. No momento em que se deforma um pouco, não se consegue recuperar mais. Assume uma posição de equilíbrio, não volta mais.


Quando você soube desse novo estudo?
Eles avisaram que iam pedir um novo estudo. Isso faz mais de um ano, e o resultado definitivo foi na semana passada. Se houvesse qualquer dúvida da minha parte sobre segurança do equipamento, eu jamais teria liberado a obra. O que fizemos foi exatamente o que está sendo realizado no Castelão e no Mané Garrincha.

Havia necessidade de interdição?
Eu acredito nos meus cálculos e acredito no ensaio que foi feito no Canadá. Segundo esses cálculos, não precisaria ser feito nada, a não ser esse monitoramento que está sendo feito até hoje. Agora, nesse cálculo dos alemães, os níveis de segurança caem mesmo. Ele prevê outro carregamento, outro cenário. Não tenho como dizer qual está certo. Eu confio no cálculo que foi feito no Canadá. Os alemães confiam no deles. Diante do que ele recebeu, o prefeito deve tomar a posição adequada. Mas eu levaria a minha família tranquilamente para assistir a um jogo. No cálculo dos alemães, os níveis de segurança diminuem, mas não haveria colapso. Ou seja, a cobertura não corre risco de cair nem há risco para as pessoas. Não dá para dizer qual velocidade de vento provocaria isso, porque é tudo teórico. O ideal seria fazer medições no local.

O que deve ser feito, segundo a reunião de que você participou nesta quarta?
Eles não sabem ainda, mas devem fazer o que os alemães pedirem.

Fonte: http://globoesporte.globo.com/rj/futebol/campeonato-carioca/noticia/2013/03/projetista-do-engenhao-confia-na-estrutura-mas-admite-pressa-na-obra.html

quarta-feira, 27 de março de 2013

Caso Engenhão: Engenhão: obra milionária marcada por falhas


Queda de muro, apagões e relatório entregue pelo Botafogo à prefeitura em 2009, já apontando 30 itens defeituosos, compõem histórico de problemas do Engenhão

Por Ary Cunha

RIO - Maior legado dos Jogos Pan-Americanos de 2007 para a cidade, o Engenhão, oficialmente batizado Estádio Olímpico João Havelange, levou três anos para ser construído a um custo, à época, de R$ 380 milhões dos cofres públicos. Já escolhido como local das provas de atletismo das Olimpíadas de 2016, o estádio arrendado por 20 anos ao Botafogo e interditado ontem pelo prefeito Eduardo Paes, por falhas estruturais na cobertura, tem um histórico de problemas, apesar dos poucos anos de uso. Embora o anúncio de Paes tenha sido recebido com aparente perplexidade pelos grandes clubes cariocas, que ali jogavam clássicos e boa parte de seus jogos desde o fechamento do Maracanã para as obras da Copa-2014, a decisão traumática é o desfecho de um roteiro anunciado há tempos.
Em março de 2010, o colunista Ancelmo Gois publicou nota na qual antecipava uma reunião de Paes com diretores da Companhia Botafogo, que administra o estádio, e empreiteiras, para tratar de uma lista de 30 itens problemáticos no Engenhão. E reportagem publicada pelo GLOBO dias depois revelou que as falhas já eram de conhecimento da prefeitura há quase um ano, já que o ofício do clube fora encaminhado pelos administradores em abril de 2009. A cobertura já era um dos pontos citados no relatório, com necessidade de manutenção preventiva, além de três pontos em que a lona se rompera devido a queda de balões na estrutura, facilitando o acúmulo de água da chuva.

Além de ser encaminhado à prefeitura, pela Superintendência de Patrimônio Imobiliário da Secretaria municipal de Fazenda - organizadora da licitação que cedeu a administração do Engenhão ao Botafogo -, o ofício 121/2009 também foi enviado pelo clube à RioUrbe, em maio de 2009, e chegou ao Tribunal de Contas do Município. O TCM incluiu a lista de problemas entre os documentos que serviram de base para o relatório final sobre o legado do Pan. Fiscais do próprio tribunal fizeram três visitas técnicas ao estádio e encontraram infiltrações, entre outros problemas.
No ofício encaminhado à prefeitura, eram citadas infiltrações até nas casas de máquinas dos elevadores, expondo equipamentos ao risco de curto circuito. O problema se repetia até nas juntas de dilatação que sustentam a estrutura. Ainda de acordo com o texto, o sistema no-break instalado no Engenhão não funcionava direito devido a falhas de projeto. Segundo o relatório, os equipamentos não teriam sido projetados com refrigeração independente, e isso prejudicava a operação dos geradores.
O primeiro problema no estádio ocorreu antes mesmo da realização dos Jogos Parapan-Americanos, ainda em 2007. Dois muros da área interna desabaram. Por sorte, ninguém se feriu. A explicação dada na ocasião foi a de que a estrutura era uma das poucas restantes do terreno pertencente à antiga Rede Ferroviária Federal (RFFSA). A construção de um muro novo foi providenciada alguns meses depois.

Às escuras já em 2008
Para o torcedor carioca, além dos problemas de acesso que relegaram o estádio a públicos habitualmente reduzidos e ao incômodo apelido de “Vazião”, o histórico do estádio também está marcado por apagões. O primeiro deles aconteceu ainda em 2008, na estreia do Botafogo no Brasileiro, contra o Sport. Em março de 2010, um forte temporal caiu sobre a cidade, e houve novo apagão, numa partida entre o time alvinegro e o Olaria, pelo Carioca.
Só em 2011 o Engenhão ficou às escuras mais três vezes. A primeira delas aconteceu no Fla-Flu semifinal da Taça Rio, a segunda no jogo entre Flu e Libertad, do Paraguai, pela Libertadores, e a terceira no confronto entre Botafogo e Grêmio, pelo Brasileiro. Nos três casos, a diretoria do Botafogo ofereceu justificativas distintas. Acusou a Light pela escuridão no Fla-Flu, apontou falha humana na Libertadores e curto-circuito no Brasileiro.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/carioca-2013/engenhao-obra-milionaria-marcada-por-falhas-7957255#ixzz2Om6dLKPG 

Caso Engenhão: Apresentação Consórcio Engenhão

Apresentação do Consórcio Engenhão sobre a cobertura do estádio: veja aqui

Acompanhe a série feras da engenharia, da Discovery, que mostrou a construção do Estádio João Havelange.







Caso Engenhão: Prefeitura apresenta laudo técnico do Engenhão


Estádio foi interditado após consórcio constatar problemas estruturais na cobertura

Por Elisa Motta

A Prefeitura do Rio apresentou nesta quarta-feira (27/03) os laudos técnicos que levaram à interdição do Estádio Olímpico João Havelange, no Engenho de Dentro. Em entrevista coletiva, os presidentes da Riourbe, Armando Queiroga, e do Consórcio Engenhão, Marcos Vidigal, explicaram as falhas estruturais na cobertura metálica do Engenhão e os riscos oferecidos aos frequentadores do estádio. O problema está nos arcos Leste e Oeste da cobertura metálica, que tiveram um deslocamento 50% maior que o previsto e apresentam riscos em condições de alta velocidade de vento.

Desde 2007, quando o estádio foi finalizado, o Consórcio Engenhão – formado pelas construtoras Odebrecht e OAS -, em conjunto com a empresa projetista Alpha e a certificadora de projeto Tal Projecto (TAL), vem acompanhando o comportamento da cobertura metálica. Foram apresentados laudos de acompanhamento dos anos de 2007, 2009, 2010 e 2013. Este ano, após receber laudos das empresas Alpha e TAL, o consórcio solicitou um parecer à empresa alemã SBP (Schlaich Bergerman und Partener), uma das maiores especialistas do mundo em projeto de coberturas de estádios, como uma terceira opinião. A SBP concluiu, de forma definitiva, que a estrutura deverá passar por intervenções preventivas, visando restabelecer os níveis de segurança. Na terça-feira ( 26/03), o consórcio enviou um relatório à Prefeitutra do Rio, aconselhando a interdição do Estádio.

- Concluímos a montagem da estrutura do estádio em 2007 e sabíamos que tinha uma previsão de deslocamento da cobertura. Mas esse deslocamento foi superior ao previsto e, desde então, tem sido motivo de investigação. Chegamos inclusive a procurar a SBP, que é uma empresa reconhecida mundialmente, e só agora chegamos a essa conclusão, de que há riscos. E, com base nessa informação, recomendamos a interdição do estádio. O prefeito, de forma correta, tomou providência de fechar o Engenhão para que possamos procurar a melhor solução – disse Vidigal.

A Riourbe trabalha em conjunto com o Consórcio Engenhão para estudar a melhor medida a ser tomada, no menor prazo possível, para que o estádio seja reaberto em breve. O presidente da empresa, Armando Queiroga, destacou que a segurança da população é prioridade:

- Nosso trabalho agora é trabalhar arduamente para decidir quais soluções de engenharia serão adotadas para resolver o problema na cobertura do estádio. Vamos trabalhar em conjunto para a melhor solução, mas nosso foco hoje é a segurança. Vamos no esforçar ao máximo.


Na noite desta terça-feira (26/03), o prefeito Eduardo Paes interditou o estádio,  após receber o laudo detectando os problemas estruturais em sua cobertura, que podem oferecer risco à segurança dos frequentadores. O prefeito se reuniu com os presidentes dos quatro grandes clubes do Rio (Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo) para informá-los sobre a decisão.

- Nossa prioridade é a segurança da população. O Engenhão vai ficar fechado pelo tempo necessário, só reabre quando houver uma solução definitiva. Pedi aos presidentes dos clubes e da federação compreensão e que se unam à prefeitura neste momento, pela segurança dos admiradores do futebol. Quero deixar claro que o problema encontrado não tem qualquer relação com a manutenção - completamente adequada - realizada pelo Botafogo no estádio – disse Paes.

CONSORCIO ENGENHÃO

O Consórcio Engenhão foi contratado em 2005 para realizar as obras complementares do Estádio Olímpico João Havelange, como acabamentos e instalações. Em 2007, por meio de Contrato de Emergência, a Prefeitura do Rio  contratou o Consórcio Engenhão também para concluir a montagem da cobertura, que na época já tinha projeto executivo e 25 % das obras realizadas pelos construtores anteriores.

As atividades de montagem da estrutura foram realizadas com o acompanhamento da prefeitura, entre janeiro e julho de 2007. Desde a conclusão da cobertura metálica, em julho de 2007, o Consóricio Engenhão vem acompanhando o comportamento da estrutura do estádio. O motivo desse acompanhamento foi a verificação pelo consórcio que, após o descimbramento da cobertura (operação de retirada do escoramento), o deslocamento da cobertura metálica foi diferente do que o previsto pelos projetistas e consultores.

Mesmo com esse deslocamento diferente do previsto, a estrutura do estádio ficou estável e assim permanece até hoje. Porém, era preciso verificar o motivo do deslocamento e se o mesmo poderia comprometer a estrutura. Para isso, o consórcio contratou um escritório verificador (TAL – Tal Projecto, empresa certificadora de Portugal, com larga experiência internacional no setor).
Os estudos da TAL não chegaram a conclusões convergentes com as dos projetistas. Para ter um terceiro parecer, em 2010 o consórcio contratou um novo especialista, a empresa alemã SBP (Schlaich Bergermann und Partener), referência mundial em engenharia estrutural e em coberturas de estádios.

A SBP elaborou um novo modelo de estudos e submeteu uma maquete do estádio a um túnel de vento para avaliar a situação de maneira mais próxima de condições reais. As conclusões do estudo da SBP, levadas pelo Consórcio Engenhão ao conhecimento da Prefeitura do Rio, recomendam que a estrutura do estádio passe por intervenções preventivas, visando restabelecer os níveis de segurança originalmente projetados.

Fonte: http://www.rio.rj.gov.br/web/guest/exibeconteudo?article-id=3713678

Caso Engenhão: Problemas no Engenhão "arranham" imagem do Brasil, dizem analistas


Os problemas estruturais que levaram à interdição do Estádio Olímpico João Havelange, o Engenhão, na última terça-feira, “arranham” a imagem internacional do Brasil e levantam dúvidas sobre a preparação do país para receber a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos de 2016, na opinião de analistas e observadores ouvidos pela BBC Brasil.

Em uma coletiva de imprensa na noite de terça-feira, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, anunciou o fechamento da arena por tempo indeterminado devido a problemas estruturais na cobertura, algo que poderia colocar o público em risco.

Inaugurado em 2007 para os Jogos Panamericanos, o estádio, que fica no bairro do Engenho de Dentro, na zona norte do Rio, vinha sendo palco de partidas do campeonato carioca de futebol e receberá as competições de atletismo da Olimpíada de 2016.

"Há um abalo de imagem que é indiscutível", diz Amir Somoggi, consultor independente de marketing esportivo.

"É muito triste que a tão pouco tempo da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos nós tenhamos que explicar como uma obra nova apresenta problemas estruturais tão graves", afirma Somoggi.

Lição de casa

A construção do Engenhão teve início em 2003, a cargo da construtora Delta. A empreiteira, no entanto, acabou abandonando a obra, que foi assumida então por um consórcio entre as construtoras OAS e Odebrecht. Com a mudança, qualquer problema relacionado ao projeto do estádio passou a ser de responsabilidade da prefeitura.

De acordo com Somoggi, os custos para a construção do estádio são compatíveis com o de arenas do tipo em outras partes do mundo, e a existência de problemas pode levantar desconfiança sobre a capacidade de planejamento dos responsáveis por receber os grandes eventos esportivos.

"Você tem um estádio que custou quase R$ 400 milhões, um valor dentro do que se gasta pelo mundo. (Mas é) um estádio que tem problemas estruturais graves, significa que nós não estamos fazendo a nossa lição de casa", diz.

Para Pedro Daniel, executivo de gestão esportiva da consultoria BDO, ainda é preciso saber as causas dos problemas apresentados, mas, segundo ele, é possível que as falhas no Engenhão gerem um desconforto entre patrocinadores e acabem tendo impacto em negociações de contratos e naming rights. "Que empresa vai querer atrelar sua marca a um lugar com risco?", diz.

Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, engenheiros do consórcio responsável pelo estádio afirmaram que o prazo para identificar a razão do problema e encontrar uma solução deve ser superior a 30 dias, não havendo previsão para reabertura da arena.

Impacto internacional

A interdição do Engenhão acontece em um momento em que as atenções internacionais estão cada vez mais voltadas para o Brasil, com a aproximação da Copa das Confederações, que acontece em junho, e da Copa do Mundo de 2014.

"Se o Brasil não estivesse sediando os eventos, eu acho que esse tipo de história iria passar despercebida" diz Tim Vickery, correspondente esportivo da BBC no Rio de Janeiro.

"A coisa tomou uma dimensão internacional justamente porque o Brasil está sediando os megaeventos. O fato de que o Engenhão vai sediar o atletismo dos Jogos dá uma dimensão enorme à notícia", diz o jornalista.

Segundo ele, até a terça-feira, havia uma preocupação principalmente com relação à mobilidade urbana durante os Jogos Olímpicos, mas o caso do Engenhão também gera dúvidas sobre a qualidade das instalações que receberão as competições.

Imagem e confiança
O consultor Amir Somoggi concorda e afirma que casos como esse "arranham" a imagem do país ao evidenciar o que classifica como "falta de planejamento, visão e controle de custo".

"O mundo olha para o Brasil - porque o Brasil é o centro das atenções esportivas - e não gosta muito do que vê", diz.

Procurado pela BBC Brasil para comentar o caso, o Comitê Olímpico Internacional disse por meio de nota que está em "contato regular" com a organização dos Jogos do Rio de 2016 e afirmou ter "confiança absoluta" na preparação do país.

"Ainda faltam mais de três anos e meio para os Jogos, e temos confiança absoluta de que eles acontecerão", diz a nota.

Já o Comitê Organizador dos Jogos no Brasil afirmou, também por meio de nota, ter "plena confiança de que a prefeitura do Rio de Janeiro tomará as medidas necessárias para que o Estádio Olímpico esteja pronto para os Jogos".

Fonte: http://esporte.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2013/03/27/problemas-no-engenhao-arranham-imagem-do-brasil-dizem-analistas.htm

Caso Engenhão: Vento de 63 km/h pode causar desabamento de Engenhão, revela prefeitura


Por Vinicius Konchinski

Um vento de 63 km/h pode causar o desabamento da cobertura do Engenhão. Essa é uma das principais conclusões do relatório feito pela consultoria alemã SBP (Schlaich Bergermann und Partner), contratada pelo consórcio construtor do estádio para verificar a segurança do local.

Informações desse relatório foram divulgadas nesta quarta-feira pelo presidente da Riourbe (Empresa Municipal de Urbanização), Armando Queiroga, e Marcos Vidigal, representante do Consórcio Engenhão, em entrevista coletiva concedida da Prefeitura do Rio. Foi o relatório da SBP que motivou a decisão do prefeito Eduardo Paes de interditar por tempo indeterminado o estádio.

“O relatório da SBP diz que há um risco na condição de vento acima de 63 km/h”, disse Vidigal. “Como é um evento mais frequente, você não pode conviver com esse risco. O estádio não pode ser utilizado.”

De acordo com a prefeitura do Rio e o Consórcio Engenhão, o estádio tem problemas na cobertura desde sua inauguração, em 2007. Isso porque os arcos que sustentam o teto da arena acabaram se deslocando mais do que o esperado no processo de retirada das escoras que o seguravam durante as obras.

Já em 2009, foi concluído que o Engenhão deveria ser interditado em dias de ventos com mais de 115 km/h. Em 2011, entretanto, a SBP iniciou uma nova investigação sobre o assunto. Ela verificou que existem risco nos casos de ventos de 63 km/h, bem mais frequentes do que os ventos de 115 km/h. “Um vento de mais de 63 km/h poderia levar à ruína”, afirmou Vidigal.

O Engenhão começou a ser construído em 2003 já visando aos Jogos Pan-Americanos de 2007. Na época, a construtora responsável era a Delta, empresa que chegou a ser investigada em uma CPI.

Tempo depois, a Delta abandonou a obra. A Odebrecht e a OAS se juntaram, criaram o Consórcio Engenhão e assumiram a construção do estádio.

Em 2007, o Engenhão foi concluído. Recebeu as provas de atletismo e alguns jogos de futebol do Pan.

O estádio custou R$ 380 milhões. Cerca de três anos depois da sua inauguração, entretanto, foram divulgados as primeiras informações sobre problemas na sua construção.

Em 2010, o Botafogo, que assumiu a administração do estádio, enviou à Prefeitura do Rio um relatório apontando rachaduras e outras falhas na estrutura do espaço. A prefeitura convocou o Consórcio Engenhão e exigiu o conserto dos defeitos sem ônus aos cofres públicos.

No ano passado, indícios de novos problemas estruturais foram identificados. Em agosto, a Riourbe criou um grupo de trabalho para apurar “vícios construtivos” no estádio.

Meses depois, o estádio foi interditado. A prefeitura pediu até 60 dias para estudar os problemas no local para definir as obras necessárias para consertá-lo. Não há uma previsão para liberação.

Fonte: http://esporte.uol.com.br/futebol/campeonatos/estadual-do-rio/ultimas-noticias/2013/03/27/vento-de-63-kmh-pode-causar-desabamento-de-engenhao-revela-prefeitura.htm

Caso Engenhão: Paes descarta chance de demolir Engenhão e procura responsáveis por erro


A interdição do Engenhão mexeu com o futebol carioca, mas também trouxe problemas para a Prefeitura do Rio de Janeiro. Eduardo Paes, que fez o anúncio do fechamento do estádio por problemas na cobertura, descartou haver chance de demolição da arena nesta quarta-feira. Em entrevista à TV Globo, o prefeito também anunciou uma auditoria para definir de quem é a responsabilidade pelo erro que determinou a interdição do Engenhão.

De acordo com Paes, a prefeitura não trabalha com a possibilidade de colocar o estádio abaixo. O prefeito ressaltou que espera uma resposta rápida para poder liberar o Engenhão para receber as partidas dos clubes do Rio.

“Não há esse risco [de demolição]. Há esse problema na cobertura. Para mim, risco é risco e 5% já é um risco enorme. Passou da margem aceitável e, portanto, essa decisão de fechar é por isso. Mas é um problema que tem solução e não vai precisar desmoronar ou desmontar o estádio de forma nenhuma”, reforçou Paes.

O prefeito exige rapidez, mas não coloca um prazo para o retorno das partidas no estádio administrado pelo Botafogo. “A gente vai ter o Engenhão para as Olimpíadas [de 2016] e queremos ter o Engenhão de volta o mais rápido possível para servir ao futebol carioca”, completou.

Com o laudo oficial a respeito das condições do Engenhão em mãos nesta quarta-feira, o prefeito assegura que as responsabilidades serão determinadas para iniciar o planejamento de reestruturação da arena. Uma auditoria será realizada pela prefeitura para procurar os responsáveis pelos problemas na cobertura. O Botafogo também deseja apurar o caso para se defender de prejuízos com o Engenhão fechado por longo período.

“Vai ter que fazer [auditoria]. Eu não era prefeito ainda, mas o sujeito que construiu o estádio me diz que tem estudo que aponta risco e temos que checar. Se for um problema de projeto, a responsabilidade é da prefeitura, se for um problema de execução, a responsabilidade é de quem fez. Portanto, vamos apurar. O detalhe é que ainda não há uma solução apontada”, lembrou Paes.

O Engenhão foi construído pela Odebrecht e a OAS. Nesta terça, as empresas disseram que estão participando das discussões sobre a situação do estádio e aguardam um pronunciamento técnico da prefeitura para tomar qualquer atitude.

Fonte: http://esporte.uol.com.br/futebol/campeonatos/estadual-do-rio/ultimas-noticias/2013/03/27/paes-descarta-chance-de-demolir-engenhao-e-procura-responsaveis-por-erro.htm

Caso Engenhão: Prefeitura pede 2 meses para estudar problemas e começar obras no Engenhão


Por Vinicius Konchinski 

A Prefeitura do Rio de Janeiro pediu de 30 a 60 dias para definir um plano de conserto para o Engenhão, interditado na terça-feira por causa de problemas em sua cobertura. Em entrevista coletiva concedida nesta quarta, o presidente da Riourbe (Empresa Municipal de Urbanização), Armando Queiroga, afirmou que a administração municipal e o consórcio construtor do estádio ainda não sabem o que terão de fazer para liberar o espaço para uso. Por isso, evitou dar qualquer prazo para a reabertura do estádio.

“Vamos demorar 30, 45 ou 60 dias para saber qual será a solução para o estádio. Só depois, vamos definir o que precisará ser feito e começar o trabalho”, disse Queiroga. “Vamos nos debruçar arduamente para estudar o problema e reabrir o estádio o mais rápido possível.”

Nesta quarta, Queiroga e Marcos Vidigal, representante do Consórcio Engenhão, afirmaram que o estádio municipal tem um problema em sua cobertura identificado ainda na sua fase final de construção. Os arcos do lado leste e oeste que sustentam o teto do estádio estão em uma posição errada. Isso pode causar o desabamento da cobertura do Engenhão.

Durante a construção do Engenhão, esses arcos permaneceram escorados. A previsão era de que, quando as escoras fossem retiradas, eles se movessem e assentassem a cobertura. Acontece que o deslocamento ocorrido foi cerca de 50% maior que o planejado. Isso acabou criando um risco de queda na cobertura. “Pode haver uma ruina”, complementou Vidigal.

Esse problema vem sendo estudado pelo consórcio construtor do Engenhão, formado pela Odebrecht e a OAS, desde 2007. Vários relatórios já foram feitos sobre a estrutura do estádio e, em 2009, chegou a ser recomendado que o Engenhão fosse fechado em dias de ventos de mais 115 km/h.

Em 2011, o consórcio resolveu contratar uma consultoria alemã para estudar o problema nos arcos mais a fundo. A SBP (Schlaich Bergerman und Partner) analisou o Engenhão, recalculou o risco e recomendou a interdição imediata no estádio. Esse relatório chegou a prefeitura na terça-feira. Com base nele, o prefeito Eduardo Paes tomou a decisão de fechar o Engenhão por tempo indeterminado.

O Engenhão começou a ser construído em 2003 já visando aos Jogos Pan-Americanos de 2007. Na época, a construtora responsável era a Delta, empresa que chegou a ser investigada em uma CPI.

Tempo depois, a Delta abandonou a obra. A Odebrecht e a OAS se juntaram, criaram o Consórcio Engenhão e assumiram a construção do estádio.

Em 2007, o Engenhão foi concluído. Recebeu as provas de atletismo e alguns jogos de futebol do Pan.

O estádio custou R$ 380 milhões. Cerca de três anos depois da sua inauguração, entretanto, foram divulgados as primeiras informações sobre problemas na sua construção.

Em 2010, o Botafogo, que assumiu a administração do estádio, enviou à Prefeitura do Rio um relatório apontando rachaduras e outras falhas na estrutura do espaço. A prefeitura convocou o Consórcio Engenhão e exigiu o conserto dos defeitos sem ônus aos cofres públicos.

No ano passado, indícios de novos problemas estruturais foram identificados. Em agosto, a Riourbe criou um grupo de trabalho para apurar “vícios construtivos” no estádio.

Meses depois, o estádio foi interditado. De acordo com Queiroga, da Riourbe, por causa de todo esse histórico da obra, é impossível determinar hoje quem é o responsável pela falha na cobertura do estádio: projetistas, contrutores ou até mesmo a própria prefeitura.

Marcos Vidigal, do consórcio construtor, disse que a Odebrecht e a OAS assumiram a obra do estádio com 100% do projeto definido e 25% da cobertura instalada. Por isso, só cumpriram o que já estava planejado anteriormente.

A prefeitura confirma essa versão. De acordo com Queiroga, só depois da identificação do problema, será possível encontrar os responsáveis pela falha e cobrar deles uma ressarcimento. "Estamos preocupados com a segurança. Quem pagará a obra, isso vem no segundo momento", afirmou o presidente da Riourbe.

Fonte: http://esporte.uol.com.br/futebol/campeonatos/estadual-do-rio/ultimas-noticias/2013/03/27/prefeitura-pede-2-meses-para-encontrar-problemas-e-comecar-obras-no-engenhao.htm

Liderados por Murilo e Gustavo, 280 jogadores se unem para levar proposta de 'Superliga ideal' à CBV


Por Renata Mendonça

Uma indignação coletiva e a vontade de mudar: esses são os sentimentos que moveram quase 300 jogadores de vôlei a se unirem na tentativa de melhorar o esporte nacional. O que eles querem? O fim da ‘instabilidade’ dos clubes, a realização do Jogo das Estrelas, uma Copa do Brasil e a proposta de um torneio mais longo e atrativo para os patrocinadores... essas são as reivindicações ‘básicas’ desses atletas, que estão mobilizando as redes sociais e os próprios clubes por “uma Superliga melhor” e já fizeram até mesmo o mundo ‘ouvir’ suas causas.

Foi por volta das 21h da última terça-feira que a hashtag #UnidosPorUmaSuperligaMelhor chegou aos trending topics mundiais do Twitter, mostrando a força de uma campanha que começou na segunda-feira e se espalhou de forma muito rápida entre atletas, técnicos, clubes e amantes do vôlei. Uma tarja preta com os dizeres “Unidos pelo Voleibol. Por uma Superliga melhor” foi compartilhada por centenas e até milhares de pessoas, provando que o sentimento que os atletas têm ao verem times acabando por causa da falta de patrocínio é compartilhado por muitos. 

Mas a campanha iniciada nas redes sociais é apenas um detalhe perto da mobilização dos atletas que estão dispostos a mudar de vez o cenário instável do vôlei brasileiro. E muito se engana quem pensa que ela foi algo que surgiu momentaneamente por causa de mais um clube ameaçado de fechar as portas após perder seu principal patrocinador – a Medley anunciou na última segunda-feira que estava deixando o Campinas e não continuaria na próxima temporada. Ela começou há cerca de oito meses, ainda antes do início desta Superliga pela iniciativa de dois irmãos líderes do vôlei nacional que estavam dispostos a ver as coisas mudarem no futuro.

Gustavo e Murilo compartilhavam um sentimento de indignação quando viram o calendário tão curto da Superliga 2012/2013 – que duraria apenas quatro meses – e decidiram conversar com outros atletas para tentar levar algumas reivindicações sobre o principal torneio do vôlei no Brasil à CBV (Confederação Brasileira de Vôlei). Assim, os dois começaram a coletar os e-mails dos capitães de todos os times que participavam da competição nacional e criaram um grupo para discutir as questões que incomodavam os jogadores na Superliga.

Dos capitães, o grupo se estendeu também para todos os atletas dos 12 clubes que fazem parte da Superliga masculina e chegou até a jogadores que, no momento, atuam fora do Brasil, mas também têm interesse em opinar sobre a situação da modalidade no país. E foi através de discussões por e-mail, que hoje, 280 atletas conseguiram chegar quase que a um modelo de ‘Superliga ideal’ para apresentar à Confederação. Mais do que isso, os jogadores sugerem outras competições para preencher o calendário e mais alternativas para atrair patrocinadores – tudo inspirado em experiências que alguns deles já tiveram em campeonatos estrangeiros.

“Isso começou há uns oito meses. Resolvemos fazer esse grupo pegando e-mail de cada um porque aí ficava todo mundo sabendo do que estava acontecendo e poderia opinar o que seria bom”, explicou o central do Canoas, Gustavo, em entrevista ao ESPN.com.br. 

Campeão olímpico com a seleção brasileira em 2004, Gustavo é um dos grandes incentivadores do grupo, mas garante que a intenção dos jogadores não é ir contra a Confederação, e sim apresentar uma nova proposta de campeonato que seja mais interessante para todas as partes envolvidas: clubes, atletas e CBV.

“É consenso entre nós que a gente não quer bater de frente, criticar a CBV. A ideia é ter uma união cada vez maior de atletas junto com clubes e CBV para fazer um campeonato cada vez melhor. Senão, desse jeito, com mais patrocinadores saindo a cada ano, a Superliga pode ficar muito ruim”, prosseguiu.

E a iniciativa dos atletas, inclusive, já chegou à Confederação. Ao tomar conhecimento sobre o grupo, o presidente da entidade, Ary Graça, aceitou marcar uma reunião com os líderes dele para ouvir o que os jogadores tinham para propor e acabou fazendo o mesmo também com representantes do feminino e do vôlei de praia.

“O lançamento da Superliga – evento que aconteceu em São Paulo em novembro passado – foi o primeiro contato. Falamos com o Ary [Graça] dessa possibilidade de poder discutir com ele alguns assuntos, passar a visão de nós atletas, que estamos ali dentro de quadra, jogamos duas vezes por semana, viajamos, etc”, contou Murilo, também em contato por telefone com o ESPN.com.br.

E a conversa com o presidente da CBV, que aconteceu em fevereiro deste ano, até animou os jogadores. Nela, estiveram Gustavo (Canoas), Murilo e Serginho (Sesi), Bruninho (RJX) e William (Sada Cruzeiro) como representantes de todo o grupo de atletas da Superliga masculina, além do próprio Ary Graça e de Fábio Azevedo, superintendente da confederação.

“Lógico que a decisão é sempre deles, mas conseguimos expor nosso ponto de vista, a preocupação com a saída de patrocinadores, porque assim a gente não tem garantia de trabalho. Falamos sobre uma solução para essa insegurança, fidelizando o patrocinador, tentando ter uma garantida dele por 2 ou 3 anos no clube...”, relatou o ponteiro do Sesi.

Entre as propostas discutidas pelos 280 jogadores que estão no grupo de e-mails e repassadas na reunião com Ary Graça estão uma Superliga com duração de pelo menos seis meses, a criação de uma Copa do Brasil entre 1º e 2º turnos da competição e a realização de um final de semana com o “Jogo das Estrelas”, nos moldes do que faz a NBB ou a própria NBA.

“Sete meses seria o ideal [para a Superliga] com 12 ou 14 equipes e as quartas sendo disputadas em séries de cinco jogos, com semifinais e finais melhor de três. Além disso, no meio da temporada, entre dezembro e janeiro, podia fazer uma Copa do Brasil, com os oito primeiros do 1º turno da Superliga fazendo um playoff em jogo único, depois semifinal e a final sendo realizada fora do eixo sul-sudeste, para divulgar o vôlei lá também”, sugeriu Gustavo. 

“O jogo das estrelas também é muito atrativo. Fazer uma brincadeira no dia antes, competição de quem ataca a bola que sobe mais alto, um jogo de manchetão. Isso é uma maneira forte de divulgar”, completou.

Tudo para atrair os patrocinadores a investirem no vôlei. Na opinião dos atletas, é difícil uma competição que dura apenas quatro meses ser interessante para os investidores, que precisam bancar um time profissional inteiro por 12 meses, sendo que os jogadores só estão em competição em um terço desse período.

E a situação para a Superliga 2013/2014 nesse quesito realmente não é muito animadora. Além do Campinas, o São Bernardo também perdeu o patrocinador, assim como o Vôlei Futuro e o Florianópolis, e todos eles correm riscos de fecharem as portas antes da próxima temporada. Foi por isso que os 280 jogadores unidos resolveram agir, lançando a campanha “Unidos pelo Voleibol” para chamar a atenção dos clubes, da CBV e da mídia para a questão. E esse, de acordo com o Murilo, foi apenas o primeiro passo.

“Agora estamos vendo qual vai ser o próximo passo. O primeiro foi esse, de criar uma revolta, chamar a atenção para que saibam que a gente está preocupado. Ainda não recebemos nenhum contato da CBV pra marcar uma próxima reunião, espero que aconteça antes ou depois da final da Superliga que a gente possa dar prosseguimento a isso”, encerrou o ponteiro.

Fonte: http://espn.estadao.com.br/noticia/319169_liderados-por-murilo-e-gustavo-280-jogadores-se-unem-para-levar-proposta-de-superliga-ideal-a-cbv?timestamp=1364413111412

quinta-feira, 21 de março de 2013

Gobbi reforça ameaça de tirar Arena da Copa: 'Se todos não se mexerem...'


Presidente fala pela primeira vez sobre o assunto, em entrevista ao L!Net, e reitera que impasse é de Odebrecht e Banco do Brasil. Ele cobra mais atitude dos órgãos responsáveis

Por Felipe Bolguese e Marcelo Damato

O presidente do Corinthians, Mário Gobbi Filho, disse que o que emperra a liberação do empréstimo do BNDES para a obra da Arena Corinthians é a recusa do Banco do Brasil às garantias oferecidas pela construtora Odebrecht.
– O que está pegando? O tipo de garantia que a Odebrecht está dando – afirmou, em entrevista ao LANCE!Net, completando o que dissera momentos antes: – Quem tem de aceitar o aval é o Banco do Brasil. O Corinthians não é parte nisso.
É a primeira vez que o presidente do clube afirma textualmente que o problema é entre o banco e a construtora. Essa versão é corroborada por funcionários do Banco do Brasil. Na construtora, ao contrário, se diz que a questão é entre o banco e o clube. O BB não estaria aceitando que o Corinthians comandasse a gestão da arena. Gobbi diz que isso "nem entra em questão".
Sem a liberação do empréstimo de R$ 400 milhões, o clube e a construtora ameaçam paralisar as obras, como já havia dito Andrés Sanchez, responsável por coordenar o projeto. A Odebrecht disse ao clube que, depois de ter colocado R$ 250 milhões, além dos R$ 250 milhões contraídos em dois empréstimos-ponte, não colocará mais dinheiro próprio. Já o Corinthians, que não aceita pôr dinheiro do seu caixa, e arca com os juros a cada empréstimo, ameaça parar tudo e voltar ao projeto original, deixando São Paulo sem estádio para a Copa de 2014 e a Copa sem um palco de abertura.
Corinthians, Odebrecht e Banco do Brasil negociam a liberação do dinheiro desde antes de o BNDES aprovar o empréstimo, em meados do ano passado. Já naquela época, o banco enviou um documento aos dois parceiros deixando claro que o empréstimo seria para o banco, mesmo na forma de um fundo imobiliário, e que quem deveria dar as garantias seria a construtora.
Segundo um diretor do BB, o banco é proibido por lei de emprestar dinheiro para clube e que não pode aceitar garantias dadas pelo clube ou vinculadas ao estádio, como o contrato de naming rights.
O estádio do Corinthians foi anunciado em 2010 como arena convencional, não ligada à Copa, e orçado em R$ 380 milhões para 48 mil pessoas. Com a Copa, o preço foi para R$ 820 milhões, fora as arquibancadas removíveis, que o Governo Estadual prometeu bancar.

Bate-Bola: Mário Gobbi Filho
Presidente do Corinthians, em entrevista exclusiva ao LANCE!Net
‘O Corinthians não vai carregar o ônus sozinho’
Andrés tem ameaçado parar as obras se não sair o empréstimo...
O que o Andrés disse é a expressão da verdade. Nós estamos fazendo de tudo para que o estádio saia conforme o planejado. Para que o estádio seja o estádio da abertura da Copa. Agora, isso não é um desejo só do Corinthians. É de interesse público. Se todos não se mexerem para que isso se realize, não é o Corinthians que vai carregar sozinho esse ônus. Para nós, o estádio está pronto. O que falta fazer lá é justamente o restante que a Fifa quer para ser a abertura da Copa.

Vai parar ou mudar de rumo?
A obra pode mudar de rumo. E ser só o estádio do Corinthians. Vamos ver até onde o impasse vai. Eu espero, acredito que isso se resolva o quanto antes, e que possamos cumprir, todos nós, Governo Federal, Estadual, Municipal, CBF, Federação e Corinthians, o que já nos comprometemos com a Fifa.

Existe algum prazo para esse impasse entre as partes ser definido?
Não tem prazo. O prazo é quando chegar o momento certo. Vai ter o momento certo de definir. Não sei dizer se é o fim do mês, daqui dois meses, se é 15, 20 dias. Vai chegar a hora. O funil está se fechando. A decisão que se tomar, todos saberão.

O Corinthians não abre mão de ser o gestor da Arena...
Isso nunca entrou em pauta. Isso está fora de cogitação. A gestão do estádio é do Corinthians. O que está em discussão é o tipo do aval que o Banco do Brasil exige para o empréstimo sair. A gestão do estádio está fora de questão.

Esse impasse não gera um atrito entre Corinthians e Odebrecht?
Não. Quem tem de aceitar o aval é o Banco do Brasil. O Corinthians não é parte nisso. É isso que nos pegávamos desde o começo da obra. Que não entra dinheiro público para o Corinthians. É Odebrecht e Banco do Brasil. O Corinthians não é parte nisso.

Andrés é remunerado para cuidar do projeto do novo estádio?
Nenhum diretor do Corinthians tem cargo remunerado. Andrés não é diretor porque já foi presidente, o maior pavilhão do clube. Ele é um colaborador da presidência, como nós combinamos quando ele me passou o bastão. Que eu e o Corinthians precisávamos da experiência e do trabalho dele em grandes projetos. Esse é o maior projeto do Corinthians. Nada mais justo que isso esteja nas mãos dele, porque ele deu início. O Andrés é o pai do estádio. Tem muita gente que está preocupada se eu vou dar o pontapé inicial no campo. Não serei eu, será o Andrés, com muita honra. Baterei palma. O trabalho dele é voluntário.

LANCE!Net EXPLICA
Por que o Banco do Brasil não aprova o empréstimo para a Arena Corinthians?
1. O presidente Mário Gobbi Filho tem razão quando afirma que o Corinthians nada tem a ver com a demora da liberação do dinheiro do BNDES pelo Banco do Brasil.
2. Quando os três lados sentaram para definir como seria o repasse de dinheiro, o Banco do Brasil deixou claro que não aceitaria nenhuma garantia dada pelo Corinthians e que só emprestaria o dinheiro para a Odebrecht.
3. A Odebrecht, por saber que a entrega de garantias terá consequência para seu balanço financeiro e, supostamente, também por temer que uma futura mudança no comando político do clube possa colocar suas garantias em risco, vem se recusando a apresentá-las ao Banco do Brasil.
4. O dinheiro para a obra já está aprovado pelo Banco do Brasil, faltando apenas as garantias dadas pela Odebrecht. O banco nem sequer cogita abrir mão delas. Além disso, o estatuto do banco proíbe-o de emprestar dinheiro para clubes de futebol, partidos e igrejas.

CIDs esbarram em procurador
A liberação das CIDs, os certificados de incentivo fiscal que a Prefeitura de São Paulo prometeu para ajudar o Corinthians a fazer um estádio para a abertura da Copa do Mundo, está parada há mais de três meses na Procuradoria Geral do Município. O clube espera R$ 420 milhões com as CIDs.
Depois de transitar pelas secretarias envolvidas com o estádio, como a de Negócios Jurídicos, Finanças e Planejamento Urbano, sempre com pareceres favoráveis dos procuradores de cada secretaria, o projeto ia para publicação, em dezembro, quando o Procurador-Geral, Celso Coccaro, de forma inesperada, pediu para reexaminá-lo.
Coccaro, que se tornou homem de confiança do então prefeito Gilberto Kassab, pediu para ver o processo e o está examinando desde a concessão do terreno de Itaquera ao clube, nos anos 1980.
Coccaro é procurador concursado e ocupa o cargo desde a gestão do ex-prefeito José Serra (2004-2006). A atitude de Coccaro está irritando cada vez mais o Corinthians e os vereadores ligados ao clube, que consideram sua ação além do razoável.


Leia mais no LANCENET! http://www.lancenet.com.br/corinthians/Gobbi-reforca-Arena-Copa-mexerem_0_886111581.html#ixzz2OBDlPuZD 

Empreiteira silencia e ameaça parar obra no Itaquerão


Dirigente do Corinthians diz já ter informado a Fifa sobre riscos de o estádio não ficar pronto para a abertura da Copa
'Não é uma situação fácil, mas terá que ser resolvida ainda este mês', diz Aldo
Indefinição fez Fifa adiar anúncio de valores de ingressos do Mundial

Por Jorge Luiz Rodrigues e Carol Knoploch

ZURIQUE E SÃO PAULO - O governo federal, o Comitê Organizador Local (COL-2014) e a Fifa já foram avisados pelo Corinthians que a Odebrecht ameaça paralisar as obras do Itaquerão a partir de 1º de abril se até lá o financiamento de R$ 400 milhões do BNDES, via Banco do Brasil, não for liberado para prosseguir com a construção. Políticos e dirigentes se movimentam nervosamente em Zurique e no Brasil. Tentam, inclusive, a possibilidade de a Caixa Econômica Federal - patrocinadora do Corinthians - substituir o Banco do Brasil como agente financiador. Todos correm contra o tempo para evitar que uma verdade desastrosa para a Copa do Mundo-2014 se confirme naquele que é conhecido como o Dia da Mentira.
- Não é uma situação fácil, mas terá que ser resolvida ainda este mês. O estádio tem que estar pronto até 31 de dezembro. Não pode haver atrasos - disse na quarta-feira o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, que deixa Zurique na manhã desta quinta, após mais reuniões com a Fifa.
Escalado como palco do jogo de abertura do Mundial, em 12 de junho de 2014, o Itaquerão vive um impasse que aumentou nos últimos meses por conta do entrave no financiamento. O Banco do Brasil não aceitou o estádio como garantia de pagamento do empréstimo oferecida pelo Consórcio Corinthians-Odebrecht, porque o terreno onde será construída a arena foi cedido em regime de comodato pelo governo militar, na década de 70 e não serve como garantia, conforme revelou O GLOBO ontem. O consórcio ofereceu ainda o Parque São Jorge, recusado por questões de penhoras judiciais, e também a arrecadação de parte de receitas futuras do Itaquerão, oferta que também esbarra na questão do comodato.
A Odebrecht não se pronuncia oficialmente sobre o imbróglio, limitando-se a informar, por sua assessoria, que “a obra é do Corinthians, são eles que têm de falar”.
CIDs devem ser liberados
O Itaquerão será financiamento pelo BNDES (R$ 400 milhões), via Banco do Brasil, e pelos Certificados de Incentivo de Desenvolvimento (CIDs), no valor de R$ 820 milhões. Ontem, a prefeitura de São Paulo prometeu a liberar recursos de incentivo fiscal ainda em março ou início de abril para o Itaquerão. A administração municipal explicou que emitirá lotes de títulos em favor do empreendimento e que não será apenas um lote no valor total de R$ 420 milhões. A obra chegou a 67% do total e pode ser paralisada, segundo o Corinthians, caso os recursos federais previstos não sejam repassados ao consórcio (clube e a empreiteira Odebrecht).
- Paramos mesmo, fazer o quê? - afirmou Andrés Sanchez, responsável no clube pela obra, para quem a liberação dos CIDs não resolvem o problema.
Sanchez disse que há tempos informou ao COL e à Fifa que as “garantias financeiras foram oferecidas” e que estão “travando o negócio”.
Quando receber os CIDs, a Odebrecht terá de negociá-los, com desconto, no mercado. Até agora, a obra tem sido paga com empréstimos de bancos e com recursos da construtora, no total de cerca de R$ 500 milhões. A primeira liberação do CID pode sofrer redução em relação ao valor que o Corinthians e a empreiteira esperavam. O valor é estipulado de acordo com o andamento da obra. Em julho de 2012, quando a Odebrecht e o Corinthians entraram com o pedido da emissão dos títulos, queriam R$ 220 milhões do total de R$ 420 milhões. Pela medição da prefeitura, no ano passado, só foram autorizados R$ 156 milhões.
O problema maior, no entanto, é o financiamento do BNDES, já liberado desde 11 de julho de 2012. Como o banco é proibido de emprestar a clubes de futebol, o Banco do Brasil será o repassador, mas exige que a empreiteira dê garantias, como bens físicos ou cartas bancárias, mas ela se recusou a dar.
O Banco do Brasil alega que essas são as regras bancárias e informa que as garantias têm que ter o modelo tradicional, que dê segurança ao banco. Exige que sejam dadas pela empreiteira, diante dos outros impedimentos. Nenhum dos dois lados cedeu até o momento.
Diante dessa incerteza, a Fifa, que prometera em 2012, anunciar, em março, os preços dos ingressos do Mundial, protelou a divulgação para 1º de julho, sem comunicar quando começarão as vendas. É um outro dado negativo no placar de atrasos na organização do megaevento. O anúncio dos preços, se não for mais uma vez adiado, se dará apenas 11 meses antes de a bola rolar para a competição esportiva mais assistida globalmente.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/esportes/empreiteira-silencia-ameaca-parar-obra-no-itaquerao-7901870#ixzz2OBDMpp3j 

Brasília pede ajuda da ONU para concluir estádio da Copa


Por Anthony Boadle

BRASÍLIA, 20 Mar (Reuters) - Com dificuldades para concluir seu estádio antes da Copa das Confederações, Brasília está pedindo ajuda a uma fonte surpreendente: a Organização das Nações Unidas (ONU).
O governo do Distrito Federal assinou nesta semana um acordo de 35 milhões de reais com duas agências da ONU para que elas adquiram serviços e itens como barracas, geradores e câmeras de segurança para o estádio, disse um funcionário da entidade internacional à Reuters na quarta-feira.
O contrato é um dos mais claros sinais de que o Brasil está atrasado na construção dos estádios e de outras obras importantes para eventos esportivos que irá sediar. A Copa das Confederações, em junho, é um evento-teste para a Copa do Mundo, um ano depois.
A vantagem da ONU é que ela pode adquirir produtos e serviços sem passar pelos complexos e demorados processos de licitação exigidos pela lei brasileira.
Como o Estádio Nacional Mané Garrincha tem apenas 87 por cento das suas obras já realizadas, e a Fifa espera recebê-lo em meados de abril, o fator tempo é crucial.
"Com o curto cronograma e a necessidade de focar na conclusão do estádio, o governo do Distrito Federal não conseguiu fazer a compra a tempo por meio de licitação pública", disse Arnaud Peral, representante-adjunto do Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD) no Brasil.
Algumas das estruturas temporárias a serem adquiridas pelas agências da ONU para a Copa das Confederações - que reúne campeões continentais mais o país-sede - continuarão disponíveis para os setes jogos da Copa do Mundo a serem disputados em Brasília em 2014, segundo Peral.
Boaz Paldi, porta-voz do PNUD em Nova York, disse que o acordo com o Brasil "não é inteiramente inédito", e que o valor do contrato ainda pode aumentar.
Ele disse que o PNUD já auxiliou no passado projetos relacionados aos Jogos Pan-Americanos, e que a agência ganhará "visibilidade" no Brasil devido à sua participação.
Um porta-voz do governo do Distrito Federal disse que o governador Agnelo Queiroz (PT) tem por regra não comentar os contratos da capital.
Não é a primeira vez que o Brasil se vale da experiência de agências da ONU. No ano passado, para o evento ambiental Rio+20, o PNUD colaborou para garantir a transparência dos processos de aquisição, e também a acessibilidade para pessoas com deficiências, a sustentabilidade ambiental e a inclusão social.
A Fifa já alertou que o Brasil não pode mais ter atrasos nas obras. O novo estádio de Brasília, com 70 mil lugares, será o segundo maior da Copa de 2014. Ainda falta cobri-lo, instalar acessórios e plantar a grama.
Antes da Copa das Confederações, o estádio deve receber dois jogos: a final do Campeonato Brasiliense, em 18 de maio, e a primeira rodada do Campeonato Brasileiro, entre Santos e Flamengo, uma semana depois.
(Reportagem adicional de Jeferson Ribeiro em Brasília e Louis Charbonneau em Nova York)

Fonte: http://br.esporteinterativo.yahoo.com/noticias/bras%C3%ADlia-pede-ajuda-da-onu-para-concluir-est%C3%A1dio-225657824--spt.html

A escolha de liderar


Ser líder é estar preparado para fazer escolhas e ter disposição para assumir a responsabilidade por elas

Por Eugênio Mussak 

Por um instante, fui retirado da leitura do livro pela pergunta da aeromoça americana, que estava apressada em servir o almoço e queria saber se eu preferia carne, peixe ou massa: "Excuse me. Meat, fish or pasta?" Fiz a minha escolha, para logo depois ouvir: "And for starter, soup or salad?" Puxa, será que ela não ia parar de me fazer escolher? Ainda ia perguntar, claro, se eu preferia sobremesa, frutas ou queijos; se ia tomar vinho; se seria branco ou tinto; se a água seria com gás ou sem gás. Quando desisti de ler porque havia perdido a concentração liguei a TV e tive de fazer vários comandos até chegar aos filmes, para então me dar conta de que tinha de optar entre drama, aventura, comédia, clássicos e sei lá mais o que, para então chegar a uma imensa lista de filmes disponíveis.

Tudo bem, pois a variedade de opções é o melhor sinal da liberdade e do progresso. Essa é a parte boa. A ruim é que ter de escolher acaba gerando um momento de ansiedade, pois a escolha sempre pressupõe renúncia. Eu não podia comer carne, peixe e massa. Não no mesmo voo. Tinha de escolher um e abrir mão de dois. "Assim é a vida", pensei.

Foi quando me dei conta de que o livro que estava lendo era Handbook of Leadership, que tinha acabado de comprar na Coop, a l ivraria de Harvard, e nele havia uma abordagem sobre as escolhas estratégicas que os líderes tinham de estar preparados para fazer. Grandes líderes da história fizeram grandes escolhas, que influenciaram a vida de muitas pessoas. E assumiram a responsabilidade por elas, por isso eram líderes.

Sim, ser um líder é ter preparo para fazer escolhas e disposição para assumir a responsabilidade por elas. Sem essas duas qualidades não há liderança. E isso nos leva à primeira grande escolha que o líder tem de fazer: a de ser um líder. Como toda escolha pressupõe renúncias, ao escolher ser um líder você está abrindo mão do conforto de não liderar, de simplesmente seguir.

Liderar é fazer escolhas, e quem não está disposto a fazê-las em nome de outros, e responder por elas, não está preparado para liderar. Mas tudo bem, alguém tem de liderar e alguém tem de seguir. Não deseja fazer escolhas? Faça voos curtos. Neles a aeromoça só oferece uma barrinha de cereal. Fica mais fácil. Ainda que isso também seja uma escolha...

Fonte: http://vocesa.abril.com.br/desenvolva-sua-carreira/materia/artigos-eugenio-mussak-escolha-liderar-732149.shtml

sexta-feira, 15 de março de 2013

Tratamento de luxo para a grama do Maracanã: R$ 100 mil mensais


Durabilidade do campo pode chegar a cinco anos, mas depende de cuidados.
Os quatro telões gigantes começam a ser instalados no estádio


Por Carolina Oliveira Castro

RIO - Toda mulher sabe que se manter bela e arrumada requer muito trabalho e custa dinheiro. Como uma boa dama, a grama do Maracanã não foge à regra e vai custar mais de R$ 100 mil por mês para estar sempre verde. O preço pode assustar, mas por trás do campo há toda uma tecnologia de ponta envolvida.
- Se a manutenção for bem feita, este gramado só precisará ser trocado daqui a cinco anos. A grama é um ser vivo que precisa de muitas coisas, por isso a manutenção custa caro. Pode haver shows, mas é preciso dar tempo para a grama se recuperar e estar perfeita para o jogo - explica Paulo Azevedo Neto, engenheiro agrônomo da Greenleaf, empresa responsável pelo gramado dos estádios da Copa de 2014.
Potente sistema de som
A grama, do tipo Bermudas, vai precisar de um banho de beleza uma vez por semana. Para ficar saudável, necessitará de água, sol, adubo, areia e combate às ervas daninhas. No inverno, as pragas preocupam mais; e, no verão, a drenagem tem que ser perfeita. Em períodos nublados e nas partes que ficam escondidas pela cobertura, o uso de máquinas que imitam a luz solar é fundamental. O corte e o terreno também exigem cuidado. Uma máquina a laser manterá o gramado com15mm de altura e uma outra cuidará dos buracos.
- O campo é a nossa madame, precisa de um monte de cuidados. As pessoas não fazem nem ideia. Antigamente, o gramado não era essa estrela toda. Hoje, influencia muito o jogo e é importante estar perfeito - conta Sérgio Landau, diretor-executivo do Botafogo, responsável pelo Engenhão. — Gastamos entre R$ 100 mil e R$ 150 mil por mês, no mínimo, para manter o campo.
No caso do Maracanã, a conta vai ser paga por quem vencer, no dia 11 de abril, a licitação de concessão do estádio.
Nesta quinta-feira, começaram a ser instalados as estruturas de metal dos telões de led, como adiantou Ancelmo Gois em sua coluna.
- Os placares eletrônicos serão instalados estrategicamente para que todos os torcedores vejam as imagens e leiam as mensagens - diz Ícaro Moreno, presidente da Empresa Municipal de Obras Públicas.
O sistema de som também está sendo instalado. Ele permitirá que informações cheguem a todos os lugares do estádio.


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Pacote Olímpico: Câmara mantém vetos de Paes


Emendas apresentadas por vereadores no ano passado favoreciam a especulação imobiliária em área da Barra

Por Renata Leite

RIO — A Câmara Municipal manteve na quarta-feira os vetos do prefeito Eduardo Paes às emendas apresentadas pela própria Casa, no ano passado, ao Pacote Olímpico. A votação foi unânime. As propostas, feitas por vereadores da antiga legislatura, causaram um mal-estar com a prefeitura ao valorizarem em mais de R$ 4 bilhões as propriedades de empresários vizinhos ao Parque Olímpico e ao campo de golfe que será construído na Barra da Tijuca. As emendas ampliavam em mais de 560 mil metros quadrados os limites da área total que poderia ser construída na região.
Na época, as emendas foram apresentadas minutos antes de o projeto ser votado e aprovadas em sessão tumultuada. O prefeito chegou a dizer que não haveria negociação e que, se seus vetos fossem derrubados, cancelaria a parceria público-privada que vai viabilizar a urbanização da área sem que o valor integral saia dos cofres públicos do município.
Para Paes, prevaleceu a razão entre os vereadores, assim como o compromisso com o projeto olímpico:
— No ano passado, houve uma grande confusão na Câmara, em parte por conta do pouco tempo para discussão, o que levou a equívocos. No entanto, desde então, mostramos os benefícios que já estavam garantidos na proposta do Executivo. Se as emendas fossem aprovadas, ia parecer que estávamos beneficiando a especulação imobiliária. A iniciativa privada já está tendo os benefícios para pagar todos os compromissos assumidos — disse o prefeito, acrescentando que cerca de R$ 500 milhões deixarão de sair do orçamento da prefeitura e serão assumidos pelas empresas parceiras.

Ganhos de R$ 16 milhões
Entre as alterações mais radicais sugeridas e inicialmente aprovadas pelos vereadores, estava a possibilidade de o consórcio que fará o Parque Olímpico ampliar a área construída em até 500 mil metros quadrados.
Nos terrenos no entorno do campo de golfe, o ganho dos empresários com a ampliação do potencial construtivo de 60 mil metros quadrados chegaria a cerca de R$ 16 milhões. Além disso, a emenda concederia isenções eternas de IPTU e ISS para o campo de golfe e autorizaria a construção de hotéis com frente para o campo.
Os vereadores que assinaram as emendas na época foram Chiquinho Brazão (PMDB), Jorge Pereira (PT do B), Argemiro Pimentel (PT), Renato Moura (PTC), Tânia Bastos (PR), João Mendes de Jesus (PR), Professor Uoston (PMDB), Eduardo Moura (PSC), Carlinhos Mecânico (PSD), João Cabral (PDMB), Alexandre Cerrutti (DEM), Bencardino (PTC), Carminha Jerominho (PT do B), Fernando Moraes (PMDB), Luiz Carlos Ramos (PSDC) e Eduardo Moura (PSC).


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Campo no Aterro fechado ao público revolta peladeiros


Eles prometem fazer manifestação amanhã para pedir a reabertura do espaço

Por Sergio Pugliese

RIO — Qual o destino do campo 1, do Aterro do Flamengo, o maior dos oito do parque, a estrela da companhia? Nunca, na história do futebol, um campinho de pelada despertou tantos conflitos de interesse entre políticos, empresários, jornalistas, órgãos da Justiça, patrimônio histórico, associação de moradores, empresas de material esportivo e federações. E os peladeiros, onde entram nessa briga? Cansados de blá-blá-blá, os craques partiram ferozes para o ataque nas redes sociais.
— É a única rede que estamos balançando atualmente! — ironizou o bancário Marco André Vianna Alves, camisa 10 do Mais Velho, time que há 30 anos joga no campo 1 do Aterro do Flamengo.
Na verdade, jogava. E é justamente aí que começa a confusão. O craque resolveu bater de frente com uma turma influente, mobilizou internautas e anunciou para sábado, às 8h, no campo 1, uma manifestação exigindo explicações sobre a situação da arena, há um ano fechada para torneios particulares e, atualmente, coberta nas laterais por entulho, barracas de camping, caixas d´água e, no centro, um tapete de grama sintética em bom estado, restos de um evento organizado pela Federação Carioca de Futebol de Sete, onda esportiva do momento.
— Volta e meia, o campo está fechado com cadeados. Um morador de rua virou seu dono, e a cada semana surgem versões para o seu destino — reclamou Marco André.
A equipe do blog “A pelada como ela é” esteve no campo para conferir a situação, e realmente os cadeados estavam nos portões. Um grupo de estudantes do Senai aproveitou a presença dos jornalistas para reclamar da privatização de um espaço público, e Antonio, o morador citado por Marco André, assustado, liberou a entrada da garotada.
— Um tal de André, da federação, pediu que eu ficasse aqui na barraca tomando conta do material. Mas parece que a Nike comprou esse espaço para ela — disse Antonio, chutando o balde.
E o mais impressionante é que o morador de rua estava superbem informado. Rodrigo Pian, da subprefeitura da Zona Sul, enviou e-mail para Marco André confirmando essa versão: “Meu caro, entendo sua insatisfação, mas a demora em revitalizarmos o campo 1 se deve a uma negociação, ainda em andamento, entre a prefeitura e uma grande empresa esportiva, desejosa de fazer do referido campo sua clínica nacional de futebol. A reforma prevê inclusive um vestiário. O atraso se deve ao grande número de envolvidos e à dificuldade em se alterar um projeto original tombado pelo Iphan. Permaneço a sua disposição para maiores esclarecimentos”.
— Essa empresa é a Nike — confirmou Leila do Flamengo, ex-administradora regional do bairro e que teria iniciado as conversas com a gigante esportiva antes de se reeleger vereadora pelo PMDB.
Segunda Leila, a prefeitura reformou todos os campos do parque, mas deixou o número 1 de fora porque a Nike se comprometeu a fazer ali uma clínica de Primeiro Mundo. Agora, a vereadora reavaliou o projeto e voltou-se contra ele. Leila já tem em seu poder um abaixo-assinado dos moradores reivindicando o fim dos torneios particulares — alguns transmitidos pela TV — no campo.

Políticos apoiam peladeiros
Ela encaminhará o documento ao Ministério Público. Os dois últimos grandes eventos foram organizados pela Federação Carioca de Futebol de Sete, com apoio da prefeitura, mas tanto leva e traz desanimou o presidente da entidade, Márcio Carreti.
— Quando organizamos os campeonatos brasileiro e carioca de futebol de sete no campo 1, o local estava completamente abandonado, servindo de abrigos para mendigos. Revitalizamos o espaço. Mas chega, vamos buscar outra área — desabafou.
A subprefeitura da Zona Sul informou que notificará a federação para recolher do local o material do último torneio, assim como a grama sintética esticada no centro do campo. Márcio Carreti explicou que só manteve o material ali porque existia a possibilidade de um novo torneio ser realizado, pois as negociações com a prefeitura estavam bem adiantadas. Com a mobilização nas redes sociais, Marco André ganhou o reforço de vários políticos, entre eles os vereadores Cesar Maia (DEM) e Teresa Bergher (PSDB). Ambos dispararam mensagens de apoio pelo Twitter. Os empresários do bairro também pretendem mobilizar-se para impedir que um projeto original tombado pelo Iphan seja alterado por uma empresa particular. Mas o mistério parece não ter data de validade: Iphan e Nike desconhecem essa informação.
— O que falta para a prefeitura devolver nosso campo reformado? — pergunta Leonardo, centroavante do Marcoense.


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